Desde a mais tenra idade me recordo da minha mãe a ajudar - criança que batia à porta a pedir era convidada a entrar e, tantas, tantas vezes observei como a criança sujíssima, de cabelos em pasta onde não entrava pente talvez há anos, ia parar à nossa banheira, depois vestida com alguma roupa minha e penteada (levava horas!), alimentada, e lá saia da nossa casa com um brinquedo e alguma comida...assim aprendi, pela prática, a ajudar. Toda a vida o fiz, das maneiras mais diversas, e mais recentemente liguei-me de coração ao auxílio aos nossos irmãos moçambicanos através da ONGD Um Pequeno gesto (UPG).
Tenho neste momento 4 afilhados nesta organização, os quais tive a oportunidade de conhecer nas 2 períodos de férias de 2010 e 2011 que dediquei a esse projecto de auxílio.Visitei os diferentes nucleos no Xai Xai e no Chokwé e, com grande alegria, participei nas distribuições de roupas, brinquedos e géneros alimentícios aos protegidos da UPG .
Foi muito gratificante reconhecer muitas das roupas, brinquedos e outros bens que tinha empacotado em minha casa e que foram transportados pelos meus colegas de vôo através da parceria UPG/Voluntários com Asas!!!
O processo inicia-se em minha casa em Sintra, onde familiares e amigos, amigos dos amigos, vizinhos e conhecidos me vão levar as roupas, calçado, material escolar e brinquedos aos montes, muitas vezes por semana! Apesar da casa não ser pequena, às vezes os donativos acumulam-se por falta de espaço!
Logo que posso faço uma triagem; separar o que precisa lavado, só arejado ou costurado, e o que é para ser levado para fora e o que fica cá - roupas demasiado pesadas e quentes de homem dou para os sem-abrigo, directamente a amigos que todas as semanas trabalham com estes necessitados, brinquedos demasiado grandes, roupas de criança demasiado quentes são encaminhadas para instituições em Portugal. A acrescentar a esta carga, juntam-se ainda os donativos e presentes dos padrinhos para os afilhados, que são directamente entregues à UPG, e empacotados por mim ou pela minha colega Diana Carvalho (em casa dela).
Uma vez separado, o material segue para a zona de empacotamento (o antigo quarto das minhas filhas já adultas e fora de casa). Está sempre a transbordar... a pouco e pouco lá vou fazendo os pacotes em plástico transparente, tamanho standard que caiba em qualquer mala de porão de tripulante que não esteja totalmente cheia. E vou enchendo sacos do Ikea com esses pacotes e espalhando pela casa, já que a arrecadação já não chega! Existem sacos no corredor dos quartos, às vezes na cozinha e até na sala quando não estou a escoar!
Nas minhas deslocações ao aeroporto para ir trabalhar, levo alguns desses sacos cheios de pacotes comigo e deixo-os na sala dos Voluntários no TTA. A Marisa Alves e a Diana também vão levando carga, quando não tenho disponibilidade, de modo a que a sala tenha sempre material para ser transportado pelos tripulantes voluntários.
Depois, em casa, vou enviando sms's a todos os colegas com telefone no portal dov a pedir que colaborem transportando os pacotinhos que fui fazendo com tanto amor!
E assim, com a logística atrás descrita, lá se vão levando centenas de pacotes de bens tão necessários àquelas crianças!!! Também peço amiude a colegas específicos que transportem sacos e malas que vou conseguindo cheios de brinquedos e algumas roupas; e o jeito que essas malas fazem nas palhotas, onde são usadas como armário para as roupas! Tenho conseguido algumas malas velhas nos Fardamentos da TAP, com o fecho partido, uma roda a menos... fazem a sua última viagem e depois lá vão sendo distribuídas!
É desta forma que vou tentado ajudar, levando alguma alegria a quem vive de modo tão simples!
Desde o final de Agosto de 2010, já foram transportados mais de 1200 sacos, com a imprescindível colaboração dos meus caros colegas. Sem a sua ajuda, levando os pacotinhos e as malas, nada disto seria possível! Este projecto tem tido um impacto muito positivo na melhoria da qualidade de vida destas crianças.
Um grande OBRIGADO a todos os que têm colaborado! BEM HAJAM!
Dinorah